Sophia de Mello Breyner Andresen

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”Giardino perduto”–”Jardim perdido”

Giardino in fiore, giardino di non possesso,

Trasbordante di immagini ma informe,

In te si dissolse il mondo enorme,

Caricato di amore e solitudine.

Il verde degli alberi ardeva,

Il rosso delle rose trasbordava,

Allucinato ogni essere montava

In un tumulto in cui tutto germinava.

La luce portava in sé l’agitazione

Di paradisi, dèi e inferni,

E gli istanti in te erano eterni

Di possibilità e sospensione.

Ma ogni gesto in te si ruppe, denso

Di un gesto più profondo in se contenuto,

Sebbene porti in te sempre sospeso

Altro giardino possibile e perduto.
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Jardim em flor, jardim de impossessão,

Transbordante de imagens mas informe,

Em ti se dissolveu o mundo enorme,

Carregado de amor e solidão.

A verdura das árvores ardia,

O vermelho das rosas transbordava,

Alucinado cada ser subia

Num tumulto em que tudo germinava.

A luz trazia em si a agitação

De paraísos, deuses e de infernos,

E os instantes em ti eram eternos

De possibilidades e suspensão.

Mas cada gesto em ti se quebrou, denso

Dum gesto mais profundo em si contido,

Pois trazias em ti sempre suspenso

Outro jardim possível e perdido.